PES (AyA) - Teso ITTAPA

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Pesquisas e Experiências Subjetivas Anarkia y Ayahuasca Entre Parênteses - Jogo Teso ITTAPA

2ª Conferência Mundial da Ayahuasca - Rio Branco no Acre por Paulo Cabral

vamos postar aqui, fotos e informes feitas pelo jornalista PAULO CABRAL. Veja também a 

Carta aberta dos Povos indígenas do Acre sobre Conferência Mundial da Ayahuasca.

(PAULO CABRAL, é jornalista há 20 anos com grande experiência na cobertura internacional. Atualmente é correspondente no Brasil da CCTV News, o canal internacional de notícias em inglês da TV chinesa. Já foi correspondente da BBC News no Brasil e da BBC World Service em Washington DC (EUA) e no Cairo (Egito) além de apresentador, em Londres, dos programas em português de rádio da emissora britânica. Também foi âncora na Rádio BandNews FM e repórter do jornal O Estado de São Paulo e da Agência Folha.
texto e foto sobre Paulo deste LINK)



18.outubro.2016

01 -

Começou bem interessante. No primeiro painel que ví, o neurologista Dráulio de Araújo (Instituto do Cérebro da UFRN) fez uma apresentação muito interessante sobre "Efeitos agudos, subagudos e anti-depressivos da ayahusca", mostrando que pesquisas preliminares indicam impactos muito positivos do chá no tratamento de quadros depressivos. Em um dos estudos, os pesquisadores reuniram um grupo de 29 pacientes com depressão e administraram Ayahusca a 15 deles e um placebo a outros 14. Isso foi feito porque, segundo Dráulio, via de regra placebos tem efeitos positivos em 60% dos pacientes de depressão e portanto era importante saber o que era de fato o efeito do chá. Os estudos (iniciais) foram bem promissores: a redução na depressão foi bem mais signifcativa em quem bebeu o chá de verdade. Na foto com o gráfico que tem as linhas azul e vermelha representa-se a redução nos graus de depressão de quem recebeu a ayahuasca e de quem recebeu o placebo, que foi mais pronunciada em quem bebeu o chá.
Depois falou o psiquiatra Luís Fernando Tófoli (Unifesp) apresentando "O uso terapêutico da Ayahuasca e seus dilemas ético científicos" no qual apresentou dados muito interessantes sobre o uso do chá no tratamento do "uso problemático de drogas" (nas palavras dele). Os resultados apresentados por ele foram de modo geral bem positivos mas Tófoli fez também uma advertência que deu o que pensar: é necessário tomar cuidado para que não se apresente a ayahuasca como uma nova "pílula mágica" - um Prozac xamânico - que venda a ilusão de que os problemas como depressão e dependência muitas vezes "criados pelos modos de vida ocidentais podem ser resolvidos apenas com um remedinho.





02 -

Na Primeira Conferência Mundial da Ayahuasca - realizada dois anos atrás em Ibiza, na Espanha, foi criado o "The Ayahuasca Defense Fund", uma organização que se dedica a estudar sobre e militar pela legalização do chá ao redor do mundo - e também a auxiliar e defender pessoas ou grupos que enfrentem problemas na justiça por conta do uso ou distribuição do vegetal. Um espanhol membro do grupo disse que no país dele cerca de 40 pessoas foram detidas e processadas desde 2010 por questões relacionadas à ayahuasca. Bom saber que este grupo existe...

http://ayahuascadefense.com/


03 -

“Expansão Global da Ayahuasca: Questões filosóficas e políticas” foi o tema de Kenneth Tupper, pesquisador canadense - PhD pela Universidade de British Columbia - que vem estudando, principalmente, como os governos ao redor do mundo podem responder à popularização da ayahuasca e ao número cada vez maior de pesquisas mostrando os benefícios terapêuticos do vegetal e de outros enteógenos.
Tupper falou na necessidade de regulamentação para que a ayahuasca possa ser usada legalmente mas também levantou aspectos “problemáticos” que podem surgir disso. “Imaginem, por exemplo, que se crie um padrão internacional para definir o que é ayahuasca. Com isso seria possível comercializar o chá e talvez algumas pessoas começassem pesquisas para modificações genéticas que criem o chá com está ou aquela potência. Talvez se acabem criando mercados na bolsa de futuros para vender o cipó e a chacrona. Ou seja, existe o risco de um processo de colonização como já aconteceu com outras plantas.”
Tupper também disse que os cientistas vêm enfrentando grandes dificuldades para pesquisar a ayahuasca porque há diversos elementos no uso do vegetal que não cabem no método científico. “Cientistas precisam de coisas que elas possam mensurar objetivamente e com a ayahuasca isto é muito difícil. Há pesquisadores que criaram, por exemplo, pílulas com base ayahuasca, que podem então ser medidas e administradas em doses cientificamente controladas. Mas até que ponto tomar uma pílula é a mesma experiência de beber o chá? Não há o impacto imediato do sabor, por exemplo… É importante ver até que ponto a introdução do método não modifica o próprio objeto da pesquisa."





19.outubro.2016

04-

A SUSTENTABILIDADE na produção do vegetal foi o tema deste painel na Conferência Mundial da Ayahuasca. O grande problema é que com a popularização do chá e o grande aumento de sua produção - sem contar o desmatamento por outros motivos - o cipó e a chacrona vêm se tornando cada vez mais escassos na natureza. O engenheiro florestal Thiago Martins (falando na foto de baixo) relatou que só em 2010 o Acre estabeleceu uma regulamentação para a extração das matérias primas do chá, seguido por Rondônia em 2015. “Já está muito mais difícil encontrar o cipó na natureza. A escassez já é um problema. É essencial que as entidades que queiram distribuir o chá também entendam a importância do plantio do cipó e da chacrona”.
O pesquisador peruano Carlos Suares - da cidade de Iquitos, considerada a capital mundial do "turismo xamânico" - disse que há por lá pelo menos 40 centros que distribuem o chá, nem todos sérios e alguns cobrando até US$ 400 por noite (incluindo sessão de ayahuasca e alojamento). “Com toda a extração do cipó, seu preço triplicou nos últimos 6 anos. Hoje custa US$ 50 pela saca, o que dá mais ou menos US$ 1,50 por quilo."
Também falou neste painel o etnofarmacologista americano Dennis McKenna (foto de cima), irmão do conhecido pesquisador da psicodelia Terence McKenna. Dennis fez uma apresentação sobre Hipótese Gaia, que considera toda o planeta Terra como um organismo vivo que busca seu próprio equilíbrio. Segundo ele, a Hipótese Gaia é muito consistente com a idéia de que plantas como as usadas no preparo da ayahuasca tem uma “inteligência” própria que dialoga com o planeta. “Veja como a ayahuasca está conseguindo se espalhar pelo mundo. É ou não uma planta inteligente?”.





20.outubro.2016

05 -

A TAXONOMIA DO VEGETAL - Há cinco laboratórios na Universidade de Brasilia pesquisando os diversos aspectos dos cipós utilizados na preparação da ayahuasca. A bióloga Camila Behrens é uma das responsáveis pela pesquisa que busca fazer a taxonomia destas diferentes variedades. Nesta etapa da pesquisa, eles foram a campo ver os tipos de cipó plantados, colhidos e utilizados por entidades religiosas ayahuasqueiras no Distrito Federal e arredores. Chegaram a 14 variedades e conseguiram coletar exemplares e classificar 10 delas. Neste álbum reproduzo os slides (em inglês) que ela apresentou na 2a Conferência Mundial da Ayahuasca com os principais resultados da pesquisa. Achei bem interessante.















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